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terça-feira, 8 de abril de 2008

Ortografia

  Confesso que sempre fui contra o acordo ortográfico, aprovado quando eu andava na 3ª classe. E era-o pelo simples facto de eu dizer o c em "facto".

  Hoje li:

O terceiro erro sobre o acordo é que ele, de fato, não unifica a ortografia. Como disse um conhecido professor de português, é "uma reforma meia-sola". Os que afirmam isso se fundamentam no fato de que o tratado permite dupla ortografia nos casos em que no Brasil se acentua com acento circunflexo e em Portugal, com acento agudo, refletindo a diferença de timbre fechado e aberto (econômico/ económico; fêmur/ fémur; bebê/ bebé; gênio/ génio) e nos casos em que uma consoante seguida de outra não é pronunciada no Brasil, mas é falada em Portugal (por exemplo, facto/ fato; secção/ seção; sector/ setor; amnistia/ anistia; súbdito/ súdito; assumpção/ assunção). Afirmar que não houve a unificação é um erro porque as duas grafias passam a ser corretas no território da lusofonia. Hoje, é errado escrever ceptro e género no Brasil ou cetro e gênero nos outros países lusófonos. A partir da entrada em vigor do acordo, as duas grafias serão corretas em todos os países de língua portuguesa.
  Meu argumento contra ficou inválido... Até me parece uma solução engenhosa.

  Mas isto agora obriga-me a reflectir novamente sobre o assunto...
  Permitam-me que o faça enquanto vou escrevendo...

  Apesar de bem argumentado, do outro lado do Atlântico o assunto adquire proporções anti-colonialistas: http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11474.
  Se bem que ainda se encontra gente contra: http://lingua-brasileira.blogspot.com/. Com ainda mais acusações anti-colonialistas... Chegando à estupidez... Enfim.

  Por cá a coisa está neste momento na assembleia (o congresso de lá): http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1325103.
  Vasco Graça Moura disse, e com alguma razão no meu entender:
decerto à revelia das melhores intenções dos negociadores portugueses, o Acordo (...) serve interesses geopolíticos e empresariais brasileiros, em detrimento de interesses inalienáveis dos demais falantes de português no mundo
  Não tenho dúvidas que o grande motor (actual, não necessariamente o que iniciou) do acordo é o mercado. O gigante mercado brasileiro.
  Não tenho baseando-me no que conheço do mercado de software e Internet.

  Na realidade só se produzem versões "portuguesas de Portugal" dos conteúdos porque Portugal é um país europeu, membro da NATO, católico e muito antigo. É uma mera questão de respeito. Mas os custos superam os respeitos e cada vez mais a produção vai se focalizar no "português do Brasil" (veja-se o site de uma companhia europeia, aqui pertinho de nós: http://www.terminal5.ba.com/default.aspx?change=true).

  Portanto a culpa é do mercado... Mas quem beneficiaria seria Portugal... Ou não... Porque apesar de serem as duas formas válidas, de certo teríamos o Windows a rebentar com "exceções", em vez de "excepções".
  E o respeito manter-se-ia, mas por passarmos a ser tratados por "você" com bastante mais frequência...

  Sim, a união é ortográfica. Mas ao permitir que a grafia brasileira seja válida nos restantes países, o mercado encarregar-se-á de fazer uma união das restantes componentes linguísticas.

  Quanto aos conteúdos impressos passariam pelo mesmo processo (para quê traduzir um Dan Brown duas vezes? [não, a sério, para quê traduzir sequer uma vez?])... Mas em termos de clássicos, best sellers e outros materiais mainstream penso que sobreviveríamos, pelo mesmo motivo que já comprei "O Principezinho" em galego e já vi à venda o Astérix em Mirandês.
  Pior para quem lê material mais técnico ou livros mais obscuros... Mas muitos desses também já é normal só encontrar em inglês.

  Continuando o meu pensamento "on the fly" (ui, já vou numas quatro expressões estrangeiras num post sobre a defesa da língua portuguesa... uí, outra!)...
  Entre ingleses e americanos não haverá o mesmo problema?
  Os conteúdos pela net tendem a ser "inglês americano"... Mas ao menos no inglês tratam-se todos por "tu", sempre chateia menos...
  E muito software tem versão nos dois dialectos...
  Mas este não é o center (ou centre) da questão... Mas gostaria de perceber como a situação foi/é tratada nos países anglófonos e francófonos.

  E "tranquilo", como se vai dizer? E "cinquenta", como se vai escrever? Regressa o trema a Portugal?
  Não é que o tenhamos de usar... Mas se as duas grafias são válidas, deve ter de se ensinar na escola. O que também não tem mal nenhum.
  Já agora: 'Alt Gr'+'+' (ao lado do 'P') = '¨'.

  Bem, já me estou a perder em pormenores que indicam que o que preciso é de ler o acordo, em vez de continuar o típico "falar sem conhecimento de causa".

  E vou ver se aproveito a estadia no Brasil em Agosto para reflectir um pouco mais.

  PS: Leituras posteriores levam-me a acreditar que afinal o trema vai é desaparecer de vez.

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