Pesquisar

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Falsas seguranças

Estamos presos... Presos por nós próprios. Presos a falsas sensações de segurança. Só quando temos seguranças é que pensamos nos mexer. Não fazemos nada sem a certeza de podermos recuar. Somos uns fracos equilibristas com rede.

Vivo num ambiente onde é natural, habitual, comum e corriqueiro falar de missão. Daquelas mesmo de ir, entregar a vida pelo bem estar do outro, numa terra distante.

Lembro-me da outra que vai para África se arranjar alguma organização... E se conseguir juntar dinheiro... E se tiver as coisas por cá bem alinhadas... Mas que não hesitou em ir para Londres às cegas, saltar para três meses de desemprego. Não admira, também iria já amanhã, para uma das capitais do ocidente desenvolvido, a duas horas e 40 euros de casa.
Apanhar um avião para o meio de nenhures, chegar lá e perguntar o que há para fazer (e, já agora, onde se pode dormir) já seria bem mais estúpido.

Para que raio precisamos de ter dinheiro e casa segura aqui, para ir para o outro lado do mundo ajudar quem nada tem? Mas é assim... segurança, segurança e mais segurança. Arriscar ao mínimo.

"Eu vou, mas se acontecer alguma coisa, posso voltar". Esquecemo-nos que quem vamos ajudar não tem essa segurança, nem muitas das que estamos habituados. E nem sequer a segurança de que vamos ficar com eles lhes damos, pois não vamos. Temos as nossas seguranças cá.

Por isso às vezes aponto numa direcção e penso segui-la. Por ali... Sem viver uma vida de preparação sobre preparação, segurança sobre segurança. Seguir confiando...
Mas só penso. Penso e nada faço. Tenho até dinheiro para um bilhete de avião, e não o compro.

E portanto não passo de outro hipócrita.

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Identidade e sonho

Ultimamente tenho andado preocupado por não saber bem quem sou. Mas hoje fiquei horrificado por já não me lembrar de quem era.

Vejo-me impossibilitado de imaginar como seria abandonar tudo, desaparecer, deixar de existir como existo. À primeira vista pareceria normal... Mas não quando penso que há uns anos não tinha nada. Como me pode custar imaginar viver sem o que já vivi sem? Porque me esqueci por completo.

Vejo-me preso. Preso ao que vivo. Mas erradamente acho que já fui livre, quando nunca o fui. Nunca vivi livre dos meus ideais, dos meus sonhos, da minha imaginação. Condiciono-me a mim mesmo com o que quero. Vivo preso na minha própria utopia. Vivo preso em mim.

Sou livre por natureza mas faço-me prisioneiro de mim mesmo. E por isso escrevo. Sento-me e centro-me. E tento descobrir quem serei, sonhando e esquecendo que me prendo.

O sonho é o ópio que nos abtrai da realidade. Doi tanto não sonhar... Mas doi ainda mais ao acordar.