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terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Exílio

Lembro-me de quando este governo foi eleito ter assumido o compromisso de não me pronunciar sobre a sua actuação até ao inicio da campanha para as eleições seguintes (de finais de Fevereiro até perto de Outubro, portanto).
Acredito que quem sai não-vitorioso de uma eleição deve reservar-se num "período de nojo", pois o vencedor beneficiará de um estado de graça que fará qualquer declaração da oposição soar ridícula e, até mesmo, ser acusada de mau perder.
"Deixa-os pousar" parece-me uma atitude mais sensata e menos desgastante para quem certamente já muito desgastado está pela contagem dos votos.

O mesmo se passa naturalmente no rescaldo deste referendo. Um mau ganhar de um líder partidário vencedor, que faz um agradecimento irónico e ofensivo "aos católicos", é considerado engraçado e fruto do entusiasmo do momento, enquanto o mau perder de um médico desconhecido perdedor, que diz "ah e tal, da outra vez valeu, mas desta vez o referendo não é vinculativo", já é considerado uma lamentável tentativa de pressão sobre o poder politico e desrespeito pelo poder popular.

Seguindo então a mesma ordem de ideias de 2005, e a não ser que seja convocado mais algum referendo, se calhar não me deveria pronunciar sobre as eleições transactas até às legislativas de 2009.
A ver vamos. Mas pelo menos por agora de nada serve abrir a boca. O processo legislativo irá seguir conforme quiserem os que se consideram vencedores, e qualquer contribuição será considerada demagógica, hipócrita e "atentadora da vontade do povo português". Esquecerão a tolerância que tanto advogaram e duvidarão de qualquer boa intenção.
É tempo de recolhimento. Para as mesmas instituições onde já estávamos antes.

YODA: Into exile I must go. Failed, I have.
in «Star Wars - Revenge of the Sith»

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