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domingo, 2 de setembro de 2007

O meu bocado d'«A DEMOCRACIA, A LIBERDADE, A ORDEM PÚBLICA, A INTELIGÊNCIA, O GOVERNO E OS "VERDEUFÉMIOS"», parte 32.125


  Entrevista de Mário Crespo a Gualter Baptista, porta-voz dos argumentos políticos, mas não das acções que decorrem ao mesmo tempo, de uma organização que emite comunicados em seu nome, mas que ele não necessariamente subscreve ou aprova, e que cujos os membros e órgãos sociais são uma amalgama indefinida de pessoas que por acaso ia a passar por ali.

  De destacar os 35 minutos dedicados à questão, claramente esticados por iniciativa do Mário Crespo, mostrando o quão importante é ter um verdadeiro jornalista como pivot e porquê o Jornal das 9 é dos espaços informativos que mais prezo.

(link para os leitores sem suporte para embed)

  Vale a pena ver. Para além de informativa (esta acção passou-me um bocado ao lado quando aconteceu, e assim teria continuado mais tempo não fosse a obsessão do Abrupto com este assunto), e de bem conduzida (Mário Crespo adopta um estilo agressivo, algumas vezes sarcástico e trocista, mas condizente com um entrevistado que não diz coisa com coisa), esta entrevista deve nos alertar para o ruído que o "estilo bloquista" de fazer política provoca, acabando por prejudicar a discussão séria de assuntos importantes.

  A questão dos transgénicos é sem dúvida uma delas. E muitos pontos importantes vieram momentaneamente à superfície nesta entrevista, para imediatamente ficarem de novo submersos por um mar de mentiras e baboseiras. A ver:

  • O principio da prudência e a irreversibilidade da introdução dos transgénicos...
    Gualter Baptista chegou a gaguejar uma questão chave: e o direito das culturas vizinhas de não serem contaminadas pelos transgénicos? As sementes voam.

  • O direito à informação...
    É preocupante a admissão de Crespo de que não sabe se os cereais que o filho come ao pequeno almoço vêm de culturas transgénicas. Não se trata de temer o bicho-papão, ou de os cereais serem venenosos... Trata-se do direito de informação do consumidor, indispensável à manutenção das condições justas do próprio mercado. Que controlo tem o consumidor se as embalagens não tiverem bem visível um selo de "Geneticamente Manipulado"?

  • Os interesses económicos, as práticas anti-concorrenciais e a escravatura dos agricultores...
    Não posso ficar descansado quando a posição dominante do mercado a nível global é ocupada por uma empresa americana (sempre viradas apenas para o lucro), a Monsanto, com um largo histórico de processos ambientais, de contaminação de terras, empregados e residentes locais. Choca-me também a manipulação para que as culturas só aceitem determinado tipo de adubos ou pesticidas (comercializados pela mesma Monsanto), sementes com "relógio-interno" para que não possam ser armazenadas, ou sementes cujas plantas nascem estéreis, para que os agricultores não possam recultivar sem encomendar mais sementes à Monsanto.
  E que interesse tem tudo isto? Neste momento, nenhum. Nem acho que por agora se deva discutir seja o que for sobre este assunto, sob pena de estarmos a dar aval a este tipo de iniciativas violentas (sim, o pontapé tocou no homem) e terroristas (sim, a intenção é provocar terror... que outros agricultores temam experimentar os transgénicos, sob ameaça de lhe surgir um monte de vândalos a destruir o seu terreno).

  Desobediência civil, e o direito de resistência a lei injusta, sendo vias justas (não posso dizer "legitimas", por fugirem à lei) de luta, pressupõem (na sua forma "século XX", popularizada por Mahatma Gandhi e por parte do movimento pelos direitos civis nos EUA, e que supostamente serve de modelo a estes tipos de movimentos ecologistas e anti-globalização) uma atitude de não violência, respeito e resistência pacifica, sempre sujeito à acção da autoridade, à prisão e à retaliação.
  O grupo é ainda responsável pelas acções de cada protestante, devendo actuar sempre que algum se exceda e não respeite os pressupostos acima.

  Claramente tal não foi o que se passou, e o terror instala-se. E pior: pelos vistos já não é só nos bairros problemáticos que as forças de segurança têm medo de entrar e não podem proteger pessoas e bens...

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