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sexta-feira, 5 de setembro de 2003

Run Forrest, run...

  No inicio do 10º ano, uma das minhas melhores amigas pediu-me em namoro. Nunca tal tinha acontecido, nem voltou a acontecer.
  Recusei... e não lhe voltei a falar.

  Sou uma pessoa que mais facilmente desperta ódios que amores. Nunca consigo que fiquem com uma boa primeira impressão de mim. E nem sempre consigo uma boa segunda impressão. E se à terceira é de vez, à quarta consigo estragar tudo outra vez.
  Estou, porém, rodeado por um grupo de amigos fantásticos (têm de o ser, para me aturarem...). Dar-lhes-ei a devida atenção? Responderei aos gestos de afecto que têm para comigo? Ou estarei mais preocupado com os que não o fazem?

  Perdemos demasiado tempo a pensar nos que não gostam de nós, e negligenciamos os que gostam. E fazemo-lo intencionalmente. Fugimos de relações estáveis, rejeitamos o amor dos nossos pais, não aceitamos ajuda dos nossos amigos, mantemos orgulho perante aqueles que nos querem bem, e recusamos qualquer prova de amor.
  Procuramos a violência, os escândalos. Desconfiamos se alguém é carinhoso, sem pedir nada em troca.

  Ao mundo não se coloca apenas o problema de amar o próximo, mas também o problema de deixar sermos amados. Fugimos do amor como o rabo à seringa. Não sabemos ser amados.

[João 15:16-17]
Não foste vós que me escolheste; fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto, e fruto que permaneça; e assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá.
É isto que vos mando: que vos amei uns aos outros.

  Ser amado escapa ao nosso controle. Não somos nós que decidimos ser amados, não somos nós que escolhemos, somos nós os escolhidos. Talvez por isso fujamos tanto... Reacção tipicamente humana, perante algo que nos foge ao controle: fingimos que controlamos.

  E é o que se passa com Deus, ou melhor, com este mundo ateu. Deus escapa ao nosso controle. Deus exige demais. Deus ama-nos.
  Deus é persistente. Deus procura-nos. Fechamos-lhe a porta do nosso coração. Não somos capazes de minimizar o nosso "querer". Mas Deus continua a bater. Sentimos que somos chamados a amar e ser amados. Mas fugimos.

  Temos medo de nos entregar a algo que não está nas nossas mãos.
  Somos pobres e mal agradecidos. Passamos a vida a mendigar amor, e quando alguém nos dá Amor, recusamos.
  É a época do amor fast-food. Queremo-lo arranjar rápido, comer o que nos apetecer de forma barata, e rapidamente abandonar o restaurante (algum empregado há-de levar o tabuleiro...).

  O Amor de Deus exige tempo. Mais do que tempo, eternidade. O Amor de Deus permanece, e nós devemos permanecer nele.
  Mas não é motivo para ter medo e fugir... Diz-se "Mais vale só que mal acompanhado". Mas há melhor companheiro que Jesus?

[João 15:9,12-13]
«Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor.
É este o meu mandamento: que vos amei uns aos outros como Eu vos amei. Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos.

  Enfim, tenho tendência para falar no plural, o que me leva a generalizar e estereotipar. Este texto é sobre mim, e a minha teimosia em não me deixar amar por Deus. Talvez por isso esteja confuso e sem conclusão... ou então perdi o jeito para escrever.
  Estou zangado com Deus, recuso o seu Amor, quero as coisas à minha maneira. Mesmo após escrever este texto a hipocrisia continua. "Façam o que eu digo, não façam o que eu faço".

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