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segunda-feira, 14 de julho de 2003

Escolaridade...

  Continuando na demanda dos motivos da estupidez humana, talvez se deva olhar para o sistema de ensino...
  Quase todos ouvimos os nossos pais dizerem que no tempo deles aprendia-se mais na Escola... Nós refutamos, com alguma razão, pois eles antes aprendiam todas as estações ferroviárias, rios e montes de Portugal e colónias...
  Mas também tenho de admitir que estudei para o exame de 12º ano de Matemática pelo caderno do 10º ano da minha mãe...

  Algo de estranho se passa. Os miúdos são cada vez mais estupidamente estúpidos, e escusam de me dizer que com a idade deles também era assim, porque eu sei que não era!
  Mas não foram as capacidades intelectuais das crianças que diminuíram, pois elas são capazes de aprender sozinhas a mexer em computadores, quando os adultos nem os sabem ligar. O problema tem então de estar no outro lado, ou seja, ou nos professores, ou no sistema.

  Ia tentar escusar-me a comentar a maneira como ensinam hoje os miúdos a ler... Mas é mais forte que eu. A pouco mais que a meio da primeira classe já sabia ler, o que era quase uma vergonha, porque algum dos meus colegas já sabiam ler da pré-primária...
  Hoje ensinam os miúdos a ler ao contrário, a decorar frases sem saberem porque se escrevem assim, depois decorar palavras sem saberem porque se escrevem assim... Venham-me lá com os vossos estudos pedagógicos que me estou pouco lixando! Letra, sílaba, palavra, frase! Esta é a ordem certa. Esta é a ordem que nos faz de vez em quando escrever "certesa" com 's', porque percebemos como funcionam as coisas, e não escrever sempre "certeza" com 'z', só porque decoramos a palavra, e se nos aparecer uma nova estamos lixados.

  Ok, mas de onde me vem agora esta indignação contra o sistema de ensino? Do sitio de onde não deveria vir, da faculdade.
  É o local de estupidificação por excelência. Apercebi-me disso este mês, com as frequências e exames. Surgiu-me a interrogação sobre porque é possível passar às cadeiras, sem ter lá posto os pés durante o semestre todo.
  Com dois dias de estudo faz-se qualquer exame. E porquê? Porque são sempre iguais aos dos anos passados, porque as respostas são metódicas, porque se avalia a capacidade de decorar em vez da de aprender.
  Que incentivo temos para ir às aulas, se lá vamos para ver passar os mesmos acetatos que vamos ler nos tais dois dias antes do exame? E afinal que estamos lá a aprender de útil? Há alguma coisa que não possamos ir procurar na Internet quando precisarmos na nossa vida profissional?
  Porquê não é melhor aproveitada a faculdade? Porquê não produzimos, investigamos, criarmos, descobrirmos, aprendemos? Depois queixam-se da falta de dinamismo e de espírito empreendedor dos nossos empresários, da falta de produtividade e passividade dos nossos trabalhadores.
  Deveria ser a Universidade a possibilidade de estimularmos essas atitudes, apoiados pelo Estado, de forma a nos dinamizar, e podermos fazer empreendimentos como deve ser.

  É fácil dizer que a culpa é dos alunos... Eles que procurem isso, indo às aulas, passando sem copiar, procurando mais que o 10... Mas é humano procurar o caminho mais fácil. E para ultrapassarmos essa limitação, é preciso motivação. E pagamos para isso! O ensino é pago, quer seja por nós, quer seja pelo Estado, alguém está a pagar pela prestação de um serviço, e esse serviço tem de ser prestado com qualidade.

  Enfim... Saudades das aulas do Básico e Secundário, que eram tão mais dinâmicas...

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