Relatividade geral...
Hoje fui ao hospital. Fui amavelmente informado de que não estou melhor, mas sim pior do que se pensava, e de que para o ano têm vagas para uma consulta. Fui mandado para casa mexer-me o mínimo possível.
Enfiei-me no primeiro autocarro que vi. Ao sentar-me tomei noção do tinha estado a ouvir. Estava proibido de correr.
Para mais referências sobre isso, ler o anterior texto, da Relatividade restrita.
O autocarro que apanhei deu imensas voltas para chegar a um destino tão perto...
Dentro do autocarro, gente que também vinha do hospital, com as suas histórias. Fora do autocarro, cinzentos, uns caminhando pelas ruas de regresso a casa, outros dentro das suas latas de conserva, parados no trânsito do IC19.
Pouco depois, a entrada da Cova da Moura. Por duas vezes. O autocarro dá uma volta estratégica, de forma a ter a paragem a uma distância aceitável, sem que digam que não servem a localidade. Olhando para lá, não se imagina nome mais apropriado, Cova.
A seguir, Buraca. Jovens negros com aspecto de jovens negros, sentados nas escadas dos prédios, com olhar ameaçador para quem passa, enquanto um deles tira fotos com o seu telemóvel MMS acabado de fanar... ah, comprar.
Alfragide Norte, prédios e mais prédios, com andares e mais andares, e carros e mais carros, estacionados em passeios, estradas, e tudo o que é sitio. No meio deles, salta à vista um Porshe, reluzente, certamente acabado de surripiar... ah, lavar.
Parque Eduardo Sétimo... Prostitutas, prostitutos. Um homem aponta para uma miúda, uma mulher (a mãe?) pega-lhe pela mão e arrasta-a, enquanto ela resiste, não querendo ir.
Saio do autocarro no Marquês. Um mendigo escanzelado, em tronco nu, abraça-se às pessoas que passam na paragem. À frente, um miúdo pede um copo vazio de batido do McDonalds, a alguém que ia deitar fora.
Olhei para a entrada do Metro, olhei para a minha perna. Fui a pé para Entrecampos.
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